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Datas Importantes

Março 8, 2009

Depois da aventura vivida dentro do vapor Bourgogne, Miguel trabalhou em Jundiaí, onde viu seus filhos e netos crescerem. Miguel morreu no dia 31 de julho de 1927. Era viúvo de Maddalena Manzato e filho de Jacintho Manzato e Antonia Scorato. Miguel morreu com 84 anos, o que significa que nasceu entre 1842 e 1843, dependendo do mês de nascimento. Ele nasceu em Treviso, Itália, morreu no bairro do Caxambu, em Jundiaí.

Segue texto do Certificado de Óbito de Miguel, com uma observação: Nele consta que Miguel era viúvo de Thereza, mas sua mulher se chamava Maddalena. Alguém, no momento de informar os nomes, fez confusão:

“Certifico que, às folhas 081-F do livro C n° 041 de Registro de Óbito, sob n° de ordem 422, consta que no dia um de agosto de mil novecentos e vinte e sete, foi lavrado o assento de MIGUEL MANZATO, falecido no dia trinta e um de julho de mil novecentos e vinte e sete (31/07/1927), às dezessete horas, em domicílio no bairro Caxambu, neste distrito, com o oitenta e quatro anos de idade, viuvo, do sexo masculino, de cor branca, natural de Treviso, Itália, filho de Jacintho Manzato e de Antonia Scorato. O atestado de óbito  foi firmado pelo Doutor Pedro Calau Mojola, que deu como causa da morte arterio esclerose generalizada. O sepultamento foi realizado no cemitério Municipal desta Cidade. Foi declarante Manoel Rocha.”

Observação: Era viúvo de Thereza Manzato.
Manoel Rocha deveria ser o dono da funerária Bonifácio.
 

Segue texto do Certificado de Óbito de Santo Manzato.

“Certifico que, às folhas 021-F do livro C nº 061 de Registro de óbito sob nº de ordem 11.010, consta que no dia vinte e oito de maio de mil novecentos e cincoenta  e dois, foi lavrado o assento de SANTO MANZATO, falecido no dia vinte e sete de maio de mil novecentos e cincoenta e dois (27/05/1952), às dezesseis horas, no domicílio e residência, à Rua São Paulo, novecentos e noventa e dois, nesta cidadem com oitenta e um anos de idade, viúvo, do sexo masculino, de cor branca, operário, natural de Treviso, na Itália, filho de Miguel Manzato e de Magdalena Favareto. O atestado de óbito foi firmado pelo Doutor Pedro Calau Mojola, que deu como causa da morte: hemorragia cerebral, doenças arterio esclerose. O sepultamento foi realizado no cemitério desta cidade. Foi declarante Paulo Rocha.

Observações: O falecido era viúvo de Olímpia Manzato, com quem foi casado em Itatiba, deste Estado, deixando os filhos: Maria, com 55 anos, Sebastião, com 53 anos, Virginia, com 49 anos, Eulinda, com 45 anos, Alzira, com 42 anos,  Antenor, com 39 anos, Alcindo, com  37 anos, Emma, com 35 anos e Elisa, com 32 anos. Não deixou testamento, nem bens.

OUTRAS INFORMAÇÕES:
Em pesquisa realizada no Cemitério Nossa Senhora do Desterro, Nelson e Fábio, levantaram as seguintes informações (as datas são de sepultamento, já que o falecimento pode ter ocorrido no dia anterior):

ANTONIO MANZATTO (FILHO DE ROMANO), sepultado em 28/09/06BIAZIO (FILHO DE MARCOS), 09/07/1962
FAUSTO (FILHO DE MIGUEL), 31/12/1976
MARCOS (FILHO DE MIGUEL),
11/04/1954
OLIMPIA (MULHER DE SANTO), 27/01/1948
ROMANO (FILHO DE MIGUEL),
07/09/1949
SANTO (FILHO DE MIGUEL), 28/05/1952
MARIA GALVÃO (FILHA DE SANTO), 13/12/1983
SEBASTIÃO (FILHO DE SANTO), 21/01/1954
ANTENOR (FILHO DE SANTO), 23/11/1996
GERVÁSIO (FILHO DE ROMANO),
22/09/1978
JOÃO (FILHO DE ROMANO), 27/05/2005
ALCINDO (FILHO DE SANTO), 23/07/1990
ANGELINA (ESPOSA DE ALCINDO), 20/03/1988

No mesmo túmulo de Miguel, está sepultado Marcos (ou Marco)
Lá estão também:

SIMONE MANZATTO, NASCIDA EM 5/10/1967 E FALECIDA EM 18/031978
VITALINA MANZATTO ROSSI, FALECIDA EM 18/04/1960
ANTINISCA AZZONI MANZATO, NASCIDA EM 18/11/1902 E FALECIDA EM 12/07/1982
JOÃO MANZATO, FALECIDO EM 7/06/1989
ARCIDES MANZATO, FALECIDO EM 15/08/1993
MILENA MANZATO, NASCIDA EM 24/10/1977 E FALECIDA EM 18/10/1996
ELENA MANZATTO JOAQUIM, FALECIDA EM 27/08/1954.


Há uma infinidade de nomes nos livros arquivados no Cemitério Nossa Senhora do Desterro. Tem livros com mais de 100 anos de existência e que dificilmente são manuseados para não se “desmancharem”. Nestes livros constam nome do falecido, data, nacionalidade, idade, causa da morte e quadra onde está sepultado.

Outras datas importantes a serem lembradas, dizem respeito a nascimentos:

Na certidão de casamento de Alcindo e Angelina, constam os seguintes dados:

Alcindo Manzatto nascido neste distrito e comarca aos 7 de Novembro de 1914 (embora ele tenha nascido no dia 2 de novembro) o que consta nos documentos é o dia 7, filho de Santo Manzatto nascido em 20 de maio de 1872 e Olympia Tostão nascida em 7 de julho de 1877, e Angelina Monarolo nascida neste distrito, município e comarca aos 10 de dezembro (nascida dia 8, mesmo caso do Alcindo) de 1919, filha de José Monarolo nascido em 14 de março de 1891 e Fortunata Valerio falecida em 12 de agosto de 1937.

Na certidão de nascimento da Terezinha Manzatto, primeira filha de Alcindo e Angelina, consta o dia 5 de setembro de 1944, data de seu nascimento. Seu falecimento ocorreu no dia 25 de setembro de 1944 com 20 dias de vida.

História da imigração (2)

Fevereiro 22, 2009


Miguel é o primeiro Manzato registrado na Hospedaria do Imigrante

Pesquisa feita junto ao Memorial do Imigrante, onde outrora era Hospedaria, mostra que dos Manzatos lá registrados, o primeiro que aparece é Michele (que virou Miguel no Brasil).

Os computadores do Memorial do Imigrante, localizado nas proximidades da Estação Bresser do Metro, em São Paulo, não têm todos os registros de membros da família que chegaram ao Brasil no final do século XIX. Muitos dos vapores que chegavam ao Brasil, deixavam imigrantes no primeiro porto. Os dados registrados no Memorial mostram isso, principalmente quando apontam que o vapor, antes de chegar a Santos, passou pelo Rio de Janeiro. Além do Rio, existem portos em grande parte da região litorana deste imenso país, o que significa que, de repente, algum parente pode ter ficado pelo Rio de Janeiro ou se instalado na Bahia, Santa Catarina, isso para ficar apenas em alguns exemplos de estados onde há grandes registros de imigrantes vindos ao Brasil. O fato é que, dentre os registros apontados no Memorial, nossos familiares foram os primeiros a aportar no Estado de São Paulo. A chegada ocorreu no dia 28 de abril de 1887, exatamente durante o período em que a Hospedaria estava sendo construída (a obra começou em 1886 e foi concluída em 1888). Observem, também, que de todos os registros feitos – e aqui apontados – apenas a esposa de Miguel (esqueçamos Michele a partir desta linha) tem seu sobrenome registrado nos livros ali arquivados.

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Maddalena Ferretto – esta grafada com dois “ts”, enquanto nosso Manzato tem apenas um – tinha 37 anos quando chegou ao lado de Miguel – que tinha 44 anos – acompanhada pelos filhos Santa (assim grafado nos registros) que é nosso Santo e que tinha 14 anos, Marco, tinha 12, Luigi, 8; Romano, 5 e Giovanni, um ano. Na lista não consta o nome de Fausto, que deve ter nascido no Brasil. Nossos parentes desembarcaram em Santos, no Vapor Bourgogne, ficaram hospedados em São Paulo, até conseguirem um local para ir. Não consta nos documentos que tenham sido contratados por fazendeiros, mas segundo Avelino, com quem conversamos recentemente, vieram para Jundiaí, se instalando no Caxambu, onde Miguel – que era lavrador – adquiriu ou foi prestar serviços numa fazenda ali existente. Com o passar dos anos e com a morte de Miguel, quem morou por lá foi Biazzio, filho de Fausto.

Acompanhem os dados de outros Manzatos a chegarem ao nosso país. Quem tem contato com alguma família citada a seguir, nos informe via comentários, para que possamos buscar parentescos mais próximos. Os dados mostram que as crianças começavam a trabalhar aos 12 anos, pois muitos já aparecem com profissões, nesta idade. Antes disso, o registro conta apenas como “criança”. Vejam como os nomes eram muito iguais ou parecidos. Tem Giuseppa e Giuseppe, Maria, Maria, Maria e Maria, Antonio, Antonio, Antonio e Antonio…

Angelo Manzato – era contador e chegou no Vapor Bretagne, no dia 24 de outubro de 1887. Tinha 49 anos e trouxe consigo Basílica (esposas), 31 anos; Giuseppa, filha 19 anos; Maria, filha, 15 anos; Primo, filho, 12 anos e Maria Luigia, 9. Vieram ainda: Giuseppe, 45 anos, irmão de Angelo. Silvestro, 11 anos, Eugenio, 5 e Pietro, 2 anos, todos filhos de Giuseppe. Foram para Valinhos, trabalhar na fazenda de Francisco Lacerda. Todos, acima de 12 anos, eram lavradores.G.B. (o registro aponta apenas as iniciais, sem mais informações). Ele, com os familiares, eram agricultores e chegou ao Brasil no dia 23 de dezembro de 1887, no vapor Bretagne.Vieram com ele, Tereza (esposa), 47 anos e os filhos: Lorenzo (17), Agostino (15), Arcangelo (11) e Luigia (13). Destino ignorado.Arcangelo chegou ao Brasil no dia 2 de janeiro de 1892 (passou o Natal e o Ano Novo em alto mar) com 38 anos. Veio sozinho no vapor Arno.Giuseppe chegou com a família no dia 4 de maio de 1888 no vapor San Martino. Todos eram agricultores e seguiram para Jaguary, para trabalhar na fazenda de Antonio C. Barbosa. Giuseppe tinha 43 anos e trouxe a esposa Antonia, 40; Gioconda, 14; Angela, 10; Luigia, 17 e Adolfo, 6.Antonio chegou ao Brasil no dia 11 de novembro de 1888 e veio no vapor Carlo Raggio, com 38 anos de idade. Veio com o filho Giuseppe, de 12 anos e com Pasqua, viúva. Não há parentesco registrado entre eles, mas ela era viúva. Destino: Vila do Rio Claro, na fazenda de Paulino Botelho.Antonio (mais um) chegou ao Brasil, com 21 anos, em 29 de junho de 1891, no Vapor Caffiaro.Veio sozinho e não consta seu destino.Luigi chegou ao Brasil no dia 8 de fevereiro de 1892, com 51 anos, junto com a esposa Maria, que tinha 40 anos. Vieram no vapor Europa, com destino a Botucatu.O vapor Rio Paraná trouxe ao Brasil Paulo, 40 anos, que desembarcou em Santos no dia 2 de abril de 1891, acompanhado do sobrinho Pompeo, de 16 anos. Destino ignorado.Pietro chegou em Santos no dia 15 de junho de 1891, vindo no vapor Victória. Ele tinha 38 anos, trouxe a esposa Luigia, de 34 e os filhos Santa, de 3 anos, Luigi, 10 e Giuseppe, 7. Não consta o destino.
Sante chegou ao Brasil no dia 11 de novembro de 1888, no mesmo vapor Carlo Raggio, que trouxe Antonio. Ele tinha 35 anos e trouxe a esposa Modesta, que tinha 33 anos, os filhos Maddalena, 24 anos, casada com Giovanni, que tinha 26. Eusébio, 3 anos, Pietro, 9, filhos de Sante e Amabile, de 3 anos, sobrinha. Imagina-se que as idades estejam incorretas, já que Sante teria apenas 11 anos e Modesta 9, quando Maddalena nasceu… O destino foi Vila do Rio Claro, na fazenda de Paulino Botelho.Mais um Luigi, este com 52 anos, desembarcou no dia 1° de maio de 1892, no vapor Colombo. Com ele veio a esposa, Maddalena, de 34 anos, outra Maddalena, esta com 66 anos e que seria madrinha de Luigi e o filho Carlo, de 15 anos. Vieram ainda, sem constar parentesco, mas sob a guarda de Luigi, Giusepe, 4 anos; Leopoldina, 10; Luigia, 11; Adele, 13; Luigi, 7 e Giovani, 1 ano. Todos foram para Xarqueada, na fazenda de Ferraz do Amaral.Maria, de 32 anos, veio sozinha no dia 20 de março de 1892, no Valor A. Doria.Silvestro também veio sozinho, com 23 anos, no vapor Washington e chegou no dia 20 de janeiro de 1900. Sua profissão, segundo os livros, era de serviços domésticos.Maria chegou ao Brasil no dia 10 de outubro de 1903, com 47 anos. Era viúva e trouxe os filhos Gino Battista, de 21 anos e Eugenio, de 18. Vieram no vapor Las Palmas, de Gênova, eram agricultores e o destino foi Rio Preto, na fazenda Francisco Schmidt. No livro consta que ela já tinha estado no Brasil. Mas não descobrimos a outra época que esteve aqui ou com quem veio.Outro Luigi, este vindo no dia 21 de março de 1906, no vapor Rio Amazonas, de Gênova. Tinha 35 anos, era agricultor e trouxe a esposa Maria, de 27 anos e os filhos Antonio, de 4 e Adolpho, de 2 anos. O destino foi São Manoel, na fazenda de Vicente Soares.Sante Manzato desembarcou do vapor Rosário, com destino a Campinas, no dia 30 de março de 1892. Tinha 43 anos, trouxe a esposa, Maria, de 34 anos e os filhos: Antonio, 16; Ferdinando, 12; Fiorenza, 4; Innocente, 8 e Maria, 1 ano.G. Batta chegou no vapor Arno, no dia 14 de setembro de 1897, aos 37 anos de idade, trazendo a família: Elisabetta, esposa, 35 anos e os filhos Angelo, 14; Luigi, 12; Maria, 10 e Ione 6 anos. O destino foi Jaú, na fazenda de Onofre Almeida Sampaio.Giuseppe trouxe a esposa Anna e o filho de um ano, Antonio, desembarcando em Santos no dia 17 de agosto de 1896, no vapor Edílio Raggio. O casal tinha 34 anos de idade e eram agricultores.

A seguir, informações sem detalhes dos Manzatos (ainda com um “T”) registrados no Memorial:

Angelo, veio sozinho no dia 5 de fevereiro de 1908; Gio Batta chegou no dia 28 de dezembro de 1913 e veio com a esposa Pasqua e com os filhos Anna, Giuglielmo e Rosa; Maria chegou em 10 de outubro de 1903 e trouxe os filhos Eugenio e Gio Battista.

O Memorial registra, ainda, Manzattos ( com dois ”t”): Cesare chegou em 8 de outubro de 1896. Trouxe a esposa Santa e os filhos: Andrea, Angela, Augusto, Elisa, Enrico, Maria, Theresa e Victorio. Segundo os registros, sua nacionalidade é espanhola. Vieram ainda, no dia 13 de março de 1923, Giuseppina e sua filha Leres, ambas Manzatto. Mansato tem três registros: Carlo veio sozinho no dia 9 de setembro de 1891; Felice veio dia 27 de agosto do mesmo ano, também sozinho e Luciano trouxe a família, a esposa Teresa e os filhos Bárbara, Francisco, Maria, Romano e Vittorio. Esta família chegou no dia 29 de outubro de 1891.

Segundo os registros no Memorial, as viagens duravam, em média, dois meses, mas em algumas ocasiões, quatro meses. Imaginem olhar para o horizonte e não ver terras, ver pessoas morrendo no vapor, primeiro por conta do tempo de duração da viagem e depois, por conta de doenças, epidemias. Um sacrifício que só terminava com a chegada ao porto, as acomodações na hospedaria e o destino definido por fazendeiros ou se arriscando numa cidade desconhecida, como deve ter sido o caso de Miguel e Maddalena.

(na próxima semana, um pouco mais sobre a hospedaria – os alojamentos, as doenças, os horários da alimentação e a ferrovia: a rota para um destino feliz).

Texto: Nelson Manzatto
Foto/Imagem: Fábio Manzatto
Pesquisas: Nelson e Fábio

Depoimento – Avelino Manzatto

Janeiro 25, 2009

Avelino, hoje com 85 anos, diz que se recorda
do dia em que seu avô, Miguel Manzatto, morreu

“Lembro do velório do Miguel”

Morando há três anos na Cidade Vicentina Frederico Ozanan, em Jundiaí, Avelino Manzatto, filho de Romano e Ermínia, conta histórias de sua vida, que tinham como personagens, os pais, os irmãos,  os tios Santo, Romano e Marcos e o avô Miguel Manzatto, que morreu no dia 1° de agosto de 1927, na Fazenda do Barão, região do Caxambu. Avelino fez 85 anos no último dia 15 de outubro. Ele esteve em casa, no ano passado, acompanhado da sobrinha Adelina e da filha desta, Raquel. Solteiro, ele afirma que não teve oportunidade para mudar isso. Viu os irmãos se casando, mas, quando sua mãe, Ermínia, ficou viúva acabou tomando conta dela e depois se achou velho demais para casar. Para quem não sabe, Avelino morou, antes de ir para a Cidade Vicentina, na rua dr Hegg, próximo à Vila Arens e saiu após a morte de seu irmão, João. “A casa ficou para o Roberto, filho do João. Ele casou, tem dois filhos e já é avô. Roberto era irmão de Antonio Carlos Manzatto que morreu depois de passar por seis cirurgias, vítima de acidente automobilístico.

Ele lembra do dia em que Miguel Manzatto, pai de Santo e Romano, morreu na região do Caxambu, numa fazenda que ficou para Biazio Manzatto.  Biazio era filho de Marcos, mas ele não se lembra dos nomes das irmãs de Biazio. Segundo ele, após a morte da mulher de Marcos – Madalena, mesmo nome da mulher de Miguel – quem criou as crianças foi Ermínia. Madalena morreu atingida por um raio na casa onde morava, exatamente na mesma fazenda onde vivera Miguel. “Os filhos do Miguel se casavam e acabavam ficando morando por lá. Antigamente chamava Varginha – Jundiaí tinha dois bairros com este nome, um na saída para Terra Nova e este, no Caxambu, na fazenda do Barão.” “O Santo também foi morar lá depois que casou e por último morou na Vila Progresso, na casa do seu pai, Alcindo. Meu pai casou em Capivari e depois veio para Jundiaí, indo morar no Caxambu e depois na Fazenda Japi, perto da serra.”

As lembranças de Avelino são muitas, mas a que ele faz questão de contar, diz respeito ao velório e enterro de Miguel. “Naquele tempo não tinha velório, os corpos ficavam nas casas até a hora do sepultamento. Lembro que tiraram – e eu era criança, tinha pouco mais de três anos de idade – a folha da porta, colocaram em cima de duas caixas de tomate e depois colocaram o caixão, com o corpo do meu avô.”

Avelino não se lembra de sua avó, Magdalena, mas tem histórias curiosas sobre Romano, Santo e Marcos. “Todos os irmãos eram lavradores, menos o Marcos, que era viajante. Ele vendia pinga, mas bebia muito. Não sei se porque a mulher tinha morrido vítima de um raio, mas lembro que ele bebia demais. Um dia, ele foi lá em casa e pediu pinga. Minha mãe disse que não tinha, mas ele achou um litro de álcool e acabou bebendo, já era um doente, um alcoólatra.”

As lembranças passam pela refinação Santa Maria, próxima à bebidas Caldas, na vila Arens, ao lado da fábrica de refrigerantes Ferráspari. Ele conta que, além de Antenor, Santo e Romano trabalharam ali. Mas por pouco tempo. Um dia, Romano foi reclamar com ele que Santo não deixava ele fazer “picadão”. “O cigarro era o único vício do meu pai. Tinha dia que ele ficava com um cigarro atrás da orelha e fazia outro com as mãos. Por causa disso eu também fumei. Fiz isso durante 61 anos e depois parei. Acho que se tivesse continuado a fumar, já tinha morrido. Comecei fumando picadão aos 12 anos e eu já tragava. Engolia aquele fumaça.”

A morte que ele não esquece, foi a de seu irmão, Gervásio. “Ele foi o único dos filhos do Romano que estudou bastante. Chegou a ser gerente da Argos. E foi o que morreu mais novo, com 45 anos”. Gervásio morreu no dia 22 de setembro de 1978 num acidente de carro, na ponte Rio-Niterói. “Fui até lá, até Niterói, naquele dia. Ainda vi meu irmão vivo, mas ele estava muito mal.”

 Para Avelino, Miguel veio da Itália só com a família e deixou outros irmãos por lá. “Temos parentes lá, não sei aonde, mas sei que temos.”

Irmãos

Avelino é o único filho solteiro de Romano e Ermínia. O casal teve ainda os seguintes filhos: João, casado com Angelina; Irineu, casado com Adelina; Antonio, casado com Elvira. Miguel casado com Lucia; Gervásio, casado com Teodolinda; Idalina, casada com Arcângelo; Duzolina, casada com Stefano; Inês, casada com Luíz; Elvira, casada com Francisco e Mafalda, casada com Etore. Além de Avelino, apenas Mafalda está viva.

Segundo ele, Stefano, cujo sobrenome é Marquezin, era irmão de Tercílio e José Marquezin. Para quem não sabe, Tercílio se casou com Eulinda Manzatto e José com Ema Manzatto, irmãs. Doce coincidência!

Ele lembra, ainda, que foi Euclides – o Nim, filho de Maria Manzatto Galvão e João Galvão, casado com Josefina – quem construiu a casa de seu irmão Miguel, no trevo de Jundiaí, próximo ao bairro da Malota, onde hoje tem um hotel.

Marcos morreu no dia 11 de abril de 1954, com 79 anos de idade. Romano morreu no dia 7 de setembro de 1949, com 67 anos de idade. Santo morreu no dia 28 de maio de 1952, com 83 anos.

No dia 15 de outubro de 1939 o Serviço de Registro de Estrangeiros concedeu a Certidão de permanência definitiva no país ao casal Romano, filho de Miguel e Magdalena Favareto, e Ermínia Catafava, filha de Plínio Catafava e Clorinda Catafava.

Texto de Nelson Manzatto